Devemos funcionar em termos de Fileira e não de uma forma isolada. Vivemos atualmente tempos desafiantes, que nos vão obrigar a reinventar e inovar e, mais do que nunca, a trabalhar em conjunto.
Romão Braz*
Se olharmos para o historial da IACA, com mais de 50 anos, uma parte importante do nosso percurso foi marcado por relações de profunda cumplicidade com a suinicultura, não só pelo peso que esta atividade ocupa no setor da alimentação animal ou a importância que temos nos custos de produção, mas pelo dinamismo demonstrado pelos suinicultores e pelas suas estruturas representativas, como é o caso da FPAS.
Há muito que interiorizámos que devemos funcionar em termos de Fileira e não de uma forma isolada, pelo que nos orgulhamos de ter contribuído para a FILPORC, reconhecida em 2019, para além de projetos comuns em que participámos, como as realizações da INTERNUTRI, em 1999 e 2003, o Peço Português, em 2013, ou a colaboração no Porco.pt.
Sempre com a mesma vontade, entusiasmo e ambição: modernizar as explorações pecuárias, valorizar a produção nacional de carne de suíno, responder em cada momento aos desafios do mercado e às exigências dos consumidores.
Pese embora todos os constrangimentos, é inegável que a Fileira suinícola alcançou um patamar de excelência impensável há 40 anos, como tem sido comprovado nomeadamente nas edições do Porco D’Ouro.
Sem dúvida graças à genética, a melhores condições de higiene e biossegurança, assistência veterinária, mas também à alimentação animal, cada vez mais segura, eficiente e adaptada às necessidades das diferentes fases do crescimento dos animais, potenciando naturalmente uma melhor saúde e bem-estar.
A resiliência de que hoje tanto se fala no quadro da pandemia, tem sido uma marca dos empresários do setor. Apostaram na ciência, na tecnologia, no profissionalismo, em novos modelos de organização, integrando ou contratualizando as produções para ganhar dimensão, sair do mercado interno e apostar na internacionalização.
No que respeita à alimentação animal, os índices de conversão nos últimos 20 anos registaram uma notável evolução, com uma redução da ordem dos 20%, situando-se em cerca de 2,4 kg, o que comprova uma elevada eficiência na utilização de recursos, minimizando seguramente o impacto ambiental.
No entanto, vivemos atualmente tempos desafiantes, que nos vão obrigar a reinventar e inovar e, mais do que nunca, a trabalhar em conjunto.
Os temas do ambiente, o bem-estar animal, a resistência antimicrobiana, uma agenda animalista da parte de alguns grupos que amplificam fundamentalismo contra a atividade pecuária e “contaminam” as redes sociais, constituem claras ameaças, sobretudo se não existirem respostas harmonizadas à escala global.
No entanto, a utilização de uma alimentação de precisão, a digitalização, a bioeconomia circular que esteve na origem dos alimentos compostos, a gestão e valorização de efluentes, a redução das emissões e da pegada ambiental, para além das virtudes nutricionais da carne de porco, ou o seu contributo para a dieta mediterrânica são fatores que temos de explorar, com base científica, em conjunto com a academia e a investigação – o que de resto já estamos a fazer -, de forma a podermos comunicar melhor com os decisores políticos, opinião pública e os consumidores.
Com verdade e confiança.
Face aos enormes desafios que temos pela frente no horizonte 2030, aqui fica a certeza de que a Indústria da Alimentação Animal estará, como sempre esteve, nos bons e maus momentos, a responder às necessidades dos suinicultores e a IACA a colaborar ativamente com a FPAS para ajudar a construir uma Fileira competitiva e sustentável, em prol do desenvolvimento equilibrado do território e do Mundo Rural.
Parabéns à FPAS!
*Presidente da Direção da IACA