Trabalhar um selo de certificação de bem-estar, único, enquanto marca global, identitária, transversal a todos os agentes económicos do sector e presente em todos os canais de distribuição, valoriza a produção nacional no mercado interno e externo.
Patrícia Fonseca*
O bem-estar animal é um conceito cada vez mais popular na sociedade, mas diria que de uma forma vaga, genérica, sem que esteja interiorizado e conhecido da população em geral.
Pelo contrário, no sector pecuário, e a produção suinícola não é excepção, o bem-estar animal é um conceito que tem vindo a ser aprofundado e interiorizado nos últimos anos, talvez com maior incidência na última década, com a incorporação de cada vez mais conhecimento técnico e científico, sem que tenha, no entanto, havido a preocupação de o comunicar, de o tornar, digamos, popular.
De facto, seja na produção, no transporte, ou mesmo no processo de abate, os operadores económicos cumprem hoje um conjunto de parâmetros para melhorar o bem-estar dos animais que vão largas vezes para além das imposições legais. E fazem-no porque sabem que animais felizes são mais saudáveis, mais eficientes, mais produtivos e que isso lhes trará maior rentabilidade ao seu negócio, que é o objectivo de todas as empresas.
No entanto, o sector agrícola é hoje em dia alvo cada vez mais de ataques e pressões por parte da sociedade e se, por um lado, tem seguramente de cumprir com a legislação, nacional e europeia, por outro, tem de também de ir ao encontro das expectativas dos consumidores, adaptanto-se de forma a conseguir captar valor e, seguramente, aprender a comunicar melhor!
Por este motivo, a FILPORC entendeu, em boa hora, no início do sua actividade, abraçar o processo de certificação em bem-estar animal na produção de suínos no âmbito da rotulagem facultativa, que é o primeiro a ser reconhecido pelo Ministério da Agricultura, a autoridade competente. Porque este é efectivamente um projecto de fileira, que abrange a certificação do bem-estar dos animais, como disse, desde que nascem, até ao abate!
Creio que esta certificação será uma enorme mais-valia para a carne de porco nacional em toda a cadeia, e que ganharemos tanto mais quanto maior for a adesão a este novo selo de certificação por parte de produtores, transportadores, indústria e depois, claro, a distribuição.
Acredito que, se tivermos uma ‘cultura de marca’ e trabalharmos um selo de certificação de bem-estar, único, enquanto marca global, identitária, transversal a todos os agentes económicos do sector e presente em todos os canais de distribuição, iremos valorizar a produção nacional, quer no mercado interno, quer no mercado externo. Este é um driver que pode diferenciar o produto português quando o consumidor, tantas vezes pouco
informado ou com excesso de informação e, por isso, confuso, tem de fazer uma escolha.
Será uma garantia de credibilidade para o consumidor e para o sector.
*Diretora-Geral da FILPORC
(a autora escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico)