Para assinalar o Dia Mundial da Alimentação, que se celebra a 16 de outubro, o Laboratório Colaborativo Feedinov, faz um apelo à sociedade civil “alimente o seu cérebro com informação saudável”. A iniciativa é subscrita por várias entidades da fileira agroalimentar e visa dar o seu contributo para, com a partilha de informação científica, numa linguagem acessível, desfazer vários mitos acerca da produção de alimentos. São cinco os mitos abordados e tratam três temas: a emissão de Gases de Efeito de Estufa (GEE), a utilização dos solos pela agropecuária e a qualidade nutricional das dietas alimentares que incluem produtos de origem animal.
A propósito, Ana Sofia Santos, Diretora-Geral do CoLab, afirma “Muitas vezes a informação veiculada acerca da forma como se produz a alimentação humana, e dos impactes ambientais a ela associados, por exemplo, é parcial e não sustentada por factos científicos. Esta iniciativa é o nosso contributo para partilhar informação científica, de forma simples, para que as pessoas possam ter acesso a informação, além de opinião. Depois disso, em consciência, cada um tomará as suas próprias decisões”.
Um dos cinco mitos abordados neste apelo está relacionado com a emissão de GEE pelo setor agropecuário. Com base no Inventário Nacional de Emissões, que apresenta dados de 2019, o documento refere que, em Portugal, o setor energético é o setor que mais emissões gera: 69,9%. Os transportes contribuem com 28,8% das emissões totais. A produção de alimentos no setor agrícola gera 10,8% das emissões totais do país, sendo que à produção de alimentação de origem animal podem alocar-se 7% das emissões totais.
No que respeita à ideia de que o consumo de vegetais por parte dos animais, nomeadamente bovinos, poder ser evitado se os humanos os consumirem diretamente – diminuindo a emissão de GEE – o documento refere que 86% da proteína vegetal consumida por estes animais é não digestível pelo ser humano por ser constituída por erva, subprodutos da indústria agrícola e forragens. No que toca à utilização dos solos lê-se «a ideia de que os animais concorrem com os Humanos por alimento é recorrentemente utilizada e, na realidade, a nível mundial, a produção animal utiliza cerca de 70% (2,5 biliões de ha) de área agrícola, no entanto, metade desta área são pastagens permanentes e áreas marginais – de montanha, pântano, entre outros -, que não são, nem podem ser, porque não têm características para tal, cultivadas para produção de cereais ou proteaginosas, e são, quase exclusivamente, utilizadas por animais herbívoros, na sua maioria ruminantes.»
O quinto e último mito abordado refere-se à ideia de que uma alimentação que contenha produtos de origem animal é nefasta para a saúde humana. Acerca deste aspeto o apelo do FeedInov atesta «os estudos que sugerem que uma dieta vegetariana é “melhor” do que uma omnívora têm como referência, na sua maioria, a comparação com uma má dieta ao estilo americano (conhecida por Standard American Diet – SAD) e não consideram o estilo de vida ou a atividade física. Na realidade, das poucas vezes que estes fatores são cruzados, não existe nenhuma relação entre o consumo saudável de produtos de origem animal e um risco acrescido para a saúde. A destacar, relativamente a este aspeto, o facto de a alimentação de origem animal ser a única (além da suplementação direta) que pode fornecer vitamina B12 aos humanos e, assim, evitar a anemia por ausência de ferro, uma vez que outras fontes de ferro têm fraca absorção.»
Para assinalar o Dia Mundial da Alimentação, as entidades subscritoras reiteram o compromisso com os desafios societais, designadamente, a sustentabilidade, o combate às alterações climáticas, o bem-estar animal e o direito a uma alimentação saudável e disponível para toda a população.
O apelo FeedInov é subscrito por:
FEEDINOV – Associação para a Investigação e Inovação em Nutrição e Alimentação Animal
IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais
ANEB – Associação Nacional dos Engordadores de Bovinos
ANIL – Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios
ANIPLA – Associação Nacional da Indústria para a Proteção de Plantas
APEZ – Associação Portuguesa dos Engenheiros Zootécnicos
APIC – Associação Portuguesa dos Industriais de Carne
APIFVET – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica de Medicamentos Veterinários
CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal
FENAPECUÁRIA – Federação Nacional das Cooperativas de Produtores Pecuários
FEPASA – Federação Portuguesa das Associações Avícolas
FILPORC – Organização Interprofissional da Fileira da Carne de Porco
FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares
FPAS – Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores